Câmara de Graduação da UFSC debate Vestibular e SiSU 2019

18/06/2018 14:44

Membros da comissão que analisou dados do Vestibular e SiSU apresentam relatório com sugestões para o próximo concurso. Foto: Jair Quint/Agecom/UFSC

A Câmara de Ensino de Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina (CGrad/UFSC) assistiu, na última quarta-feira, 13 de junho, à apresentação do relatório da Comissão nomeada em 2017 para analisar e propor alterações no sistema de provas e no processo de seleção do Vestibular da UFSC. Participaram da sessão, além dos membros tradicionais da CGrad, os coordenadores dos cursos de graduação.

A Comissão analisou dados do Vestibular 2018, os impactos da implantação de pesos e pontos de corte diferenciados por curso, além dos números relativos às matrículas e desempenho dos calouros. Para o próximo Vestibular, a Comissão propõe manter a atual estrutura do concurso, inclusive a política de pesos e notas de corte diferenciadas por curso e por disciplina; manter também a atual porcentagem de vagas selecionadas pelo SiSU (30%) e Vestibular UFSC (70%); e a continuidade dos estudos sobre o ingresso na UFSC, com uma comissão que trabalhe com mais tempo para que possa sugerir mudanças maiores.

 

A Câmara de Graduação reuniu-se na última quarta-feira, 13, com a presença dos Coordenadores de Curso da Universidade para avaliar como será o próximo processo seletivo da instituição. Foto: Jair Quint/Agecom/UFSC

O relatório da Comissão foi apresentado pela presidente da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve), Maria Luiza Ferraro, e pelos membros Rafael Luiz Cancian (CTC), Olinto José Varela Furtado (Coperve), César Trindade Neves (DAE). O pró-reitor de Graduação, Alexandre Marino Costa conduziu o debate entre a Comissão e os presentes.

“A seleção pelo Vestibular e SiSU é significativa para todos os cursos de graduação da Universidade. Por isso, a importância que os cursos subsidiem o que estamos propondo. E a nossa proposta hoje é de continuidade”, salientou Maria Luiza no início de sua apresentação. O preenchimento e ocupação das vagas, as notas dos alunos e porcentagem de eliminação, bem como o desempenho acadêmico dos ingressantes foram alguns dos dados apresentados.

 

Após análise da composição e a estrutura atual do Vestibular da UFSC, a Comissão sugeriu que fossem mantidas, uma vez que estão de acordo com os objetivos do processo seletivo, com a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio. A distribuição de questões, especialmente de Ciências Humanas e Sociais (englobando Geografia, História, Filosofia e Sociologia), adotada no último Vestibular teve boa receptividade e deverá continuar. A Comissão discutiu também a possibilidade de realizar o Vestibular em duas etapas, sendo uma primeira apenas com questões objetivas e uma segunda composta por redação e questões discursivas, porém decidiu manter a estrutura atual com uma única etapa após avaliar as vantagens e limitações de um novo modelo.

A maior parte do debate foi concentrada no aumento do número de reprovações nas provas e no desempenho dos alunos ingressantes. Apesar de ter havido mais reprovações no Vestibular 2018, a Comissão não atribui esse aumento às alterações nas notas de corte, novidade implementada no último concurso. Segundo o relatório, a maioria das reprovações ocorreu nas provas objetivas de Língua Portuguesa e nas questões discursivas, cujas notas de corte foram as mesmas que as praticadas em vestibulares anteriores. Em cursos nos quais houve eliminação significativa devido às notas de corte (como Ciências da Computação e nas Engenharias) observou-se que apesar de maior reprovação, a grande maioria dos cursos preencheu as vagas oferecidas e manteve uma lista de espera avaliada como suficiente para suprir eventuais desistências dos classificados em primeira chamada.

O professor Rafael Cancian, membro da Comissão, ressaltou que o uso de ferramentas computacionais auxiliaram o curso de Ciências da Computação na decisão a respeito das notas de corte e disponibilizou aos demais cursos um auxílio no sentido de analisar resultados e avaliar pesos e notas de corte diferenciados para o Vestibular 2019. Cancian sugeriu que os cursos que não estejam à vontade para estipular notas de corte pensem em colocar pesos diferenciados para as disciplinas, uma vez que os pesos não eliminam os candidatos, apenas os classificam de acordo com seus acertos.

Outro debate significativo ocorreu a respeito do sistema de múltiplas chamadas para o preenchimento das vagas de graduação. Muitos professores se manifestaram, apontando que os alunos que ingressam após o início do semestre ficam em desvantagem se comparados aos demais alunos, com notas baixas no primeiro semestre. Em seu relatório, a Comissão sugere que sejam analisadas formas para reduzir e otimizar a quantidade de chamadas (lista de espera) nos dois processos (Vestibular e SiSU). Escreve: “a grande quantidade de chamadas para preenchimento das vagas onera o processo e o torna lento, levando ao ingresso de alunos mesmo após várias semanas depois de iniciado o período letivo, o que pode causar prejuízo pedagógico aos ingressantes. Idealmente a matrícula dos calouros deveria estar concluída antes do início do período letivo”.

Além disso, nos cursos que aplicam a prova de Pré-Cálculo, tem-se observado altas taxas de reprovação. O professor Leandro Becker, do curso de Engenharia de Controle e Automação, apontou que cerca de 65% dos calouros não conseguem pontuação suficiente para passar na prova de Pré-Cálculo no curso, errando, inclusive questões que são de nível de ensino fundamental. “É um problema sério. São alunos que não estão mais acostumados a estudar da forma clássica. A matemática demanda prática, eles precisam estudar cálculo praticando, fazendo exercícios, e muitos estão acostumados a estudar de outra forma e não conseguem passar. Isso afeta muito a motivação deles, e temos feito um trabalho intenso de tutoria e conversas individuais para resgatar esses alunos”, destaca Becker.

Além do desempenho escolar dos ingressantes, a Câmara de Graduação também levantou questões sobre permanência estudantil e condições dos alunos fora das salas de aula. Sobre o SiSU, a Comissão sugere que se mantenha o percentual de 30% pelo menos até o Vestibular 2019, e propõe que, após o próximo concurso a flexibilização desses percentuais ocorra de forma diferenciada por curso.

Prazo

Os Coordenadores de Curso têm até 20 de junho para responder à Câmara de Graduação a respeito dos pesos e notas de corte para o Vestibular 2019. As alterações serão votadas pela Câmara na próxima sessão, marcada para 4 de julho, data em que é esperada que saia a Resolução Normativa que regerá o próximo Vestibular da UFSC.

Mayra Cajueiro Warren/jornalista da Agecom/UFSC